sexta-feira, 1 de julho de 2011

Copa 2014 e Olimpíadas 2016 - para quem vamos torcer???

Inspirada pelos interrogatórios que tenho "sofrido" nos últimos tempos, e esses, por sua vez, motivados em parte pelo clichê um tanto comum de que todo brasileiro não é só bom de bola, como está sempre bem interessado e informado sobre o futebol e suas constelações (nem preciso dizer que não eu sou o exemplo contrário disso, tendo deixado passar batido o jogo de ontem do Brasil na Copa do Mundo feminina, logo agora, na minha versão mais feminista de todos os tempos...), resolvi escrever um post sobre coisas que me vêm à mente quando alguém me vêm perguntando a respeito da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016 (que por sorte e por uma pitada da providencial incompetência do Kassab parece que não acontecerá em São Paulo também), ambos furacões que já estão fazendo a desforra no Brasil.

Quero dedicar este post, que pelo visto será meio "barroco", aos que festejaram despreocupadamente a COPA DO MUNDO de 2014 e os JOGOS OLÍMPICOS de 2016, para os que choraram de emoção quando viram os filminhos do Fernando Meirelles que convenceram a comissão de que o Rio de Janeiro será a capital mundial da integração das culturas, e principalmente para os que já estão fazendo o pé de meia para ir ver os jogos, seja em 2014, seja em 2016...

(Mas antes de mais nada, os links dos filminhos:


Viram os filminhos?? Lindos, não?? Cristo Redentor abençoando 24h, sem reclamar de bursite, garis sambantes e contentes com os salários que vão aumentar, já que vão ter que limpar sujeira extra, mulheres maravilhosas de dar inveja sambando no boteco da esquina com música ao vivo rodeadas de homens em pleno horário comercial de terça-feira - porque mulher bonita só precisa reluzir - o metrô do Rio de Janeiro, que eu até esqueci que existe e nunca soube pra que serve, funcionando que é uma maravilha, o Carnaval a full, como se durasse o ano inteiro, e ainda bem que já vai ter acabado quando os jogos começarem...

Só o que não entendi bem, é se esse é o Rio de Janeiro em que eles vivem ou o que eles querem oferecer. A resposta meio que tanto faz, porque de um jeito ou de outro, para quem e como estão produzindo este Rio de Janeiro, na prática (e com data de entrega), é que é o problema. 

Antes que você venda seu carro, desembolse suas economias e leiloe a sua santa sogra com ingressos e afins, outros já começaram, pontualmente, a pagar o pato. Já são centenas de moradores pobres os que foram, e muitos ainda estão sendo despejados de suas casas de maneira criminosa, ilegal, na calada da noite, como se fossem lixo, nas chamadas operações de remoção. Famílias perdendo não só suas casas, sua comunidade, seus móveis e objetos pessoais, mas também dignidade, direitos civis, sociais e humanos: porque afinal, pobre no Brasil é que nem lixo: tem que ser removido. Além disso, essas festas prometem uma série de melhorias urbanas das quais eles nunca serão beneficiários, porque esse movimento de remoção empurra essas populações desamparadas para zonas mais periféricas, onde os aparatos públicos possivelmente não chegarão. 

Ao caldo de absurdos e escândalos que a preparação para esses eventos está produzindo, soman-se ainda vendas de patrimonio público, licitações obscuras, e outros afins. E muita gente, que eu mesma não sei dizer se peca mais pelo cinismo ou pela reconciliação, chora, se emociona e bate palma.  

Deixo aqui o link de um video dolorido, pra quem ainda não sabe do que eu tô falando. Começa com uma entrevista da Raquel Rolnik, relatora da ONU para questôes de moradia, e termina com imagens reais, do prenúncio de grandes catástrofes que esses jogos produzirão no Brasil, se a gente só abrir o olho.



Aos amigos que me enchem o Facebook com convites para clicar no "Eu vou", "Não Sei" ou "Não vou" à Copa e ás Olimpiadas (que serão, se tudo continuar "no seu devido lugar", latifúndio esportivo e monopolizados por algumas poucas redes que transmitirão os jogos), mando os links de dois blogs que vêm se dedicando com maior freqüencia a publicar posts bem interessantes sobre o assunto e seus desdobramentos, como a CPI das Remoções, e afins.

Aqui a super antenada Maria Frô:

Aqui a super entendida do assunto, Raquel Rolnik: 

Resta a pergunta: para quem vamos torcer na Copa de 2014 e nas Olimpíadas de 2016?? Eu aposto no óbvio. A resposta implica saber discernir para que Brasil estamos torcendo, e para qual vitória estamos contribuindo.

Schöne Grüsse e inté!