sexta-feira, 10 de junho de 2011

Não Gosto dos Meninos

Tenho me impressionado com a quantidade de informes que me chegam - e, viva! nem sempre via internet -, sobre campanhas contra a homofobia e contra a violência de gênero. Minha surpresa, claro, não tem somente a ver com a quantidade e a frequencia, mas por principalmente isso ser resultado de mudanças sociais e políticas importantes que estão acontecendo em especial no país e na América Latina, resultados por sua vez de muita luta de movimentos e atores sociais.

Também não quero com isso dizer que essa "grande quantidade" de campanhas, atos, manifestações, etc, seja suficiente - muito pelo contrário! E a sociedade brasileira ainda tende a interpretá-las com certa distância, muitas vezes inclusive marcada por um tom de humor que se dá aos comentários a respeito, meio que tentando tirar o corpo fora, do tipo "legal, importante, mas o assunto não é comigo". 

O mais triste é que sim, o assunto é com aqueles que acreditam que o assunto não lhes toca, ou porque não são homo/bi/trans/intersexuais ou porque não são vítimas de violência de gênero. Parafraseando mal e sem citar a fonte (juro que quando lembrar o nome do dono eu posto!), digo que o problema da homofobia não é dos homossexuais, e o problema do machismo e da violência de gênero não é das mulheres e das vítimas, mais que dos homofóbicos e dos perpetradores da violência. Agrego a isso, e por minha conta, que a culpa é também da sociedade civil que permite que se gerem espaços de silêncio e consentimento que brinda e protege a violência. 

Com isso não quero dizer que vítimas e afetados pela violência e discriminação não têm que lutar e se mobilizar contra ela. Quero sim, dizer que enquanto o problema seja encarado como assunto que só diz respeito a vítimas e, como muito, também a perpetradores, a sociedade só estará fortalecendo vínculos e estruturas que reproduzem e geram novas formas de violência, abrindo espaços inclusive para que ela se institucionalize.  

Indo ao que interessa, gostaría de postar alguns links sobre campanhas, eventos ou mesmo materiais importantes sobre o tema, esperando que possa contribuir para espalhar, divulgar, semear e também incomodar aos que ainda não abriram os olhos..


Documentário "não gosto dos meninos", de André Matarazzo e Gustavo Ferri. 
Achei, além de super imporatnte e interessante, muito sensível a perguntas delicadas como a da aceitação dos pais e da família, conflitos cotidianos, etc.



Marcha das Vadias em Belo Horizonte dia 18 de Junho em Belo Horizonte, com concentração na Praça da Rodoviária. 

Para quem não sabe ainda, esta é a versão brasileira da SlutWalks, uma marcha contra a culpabilização das mulheres (vítimas) pela violência de gênero, que se iniciou em Toronto, no Canadá, em Abril de 2011, e está correndo o mundo.  A Marcha das Vadias de Sâo Paulo aconteceu no último sábado dia 04 de Junho. No Blog da Maria Frô (http://mariafro.com.br/wordpress/2011/06/07/a-irreverente-descolada-e-necessaria-marcha-das-vadias/) tem um feedback interessante sobre esta Marcha. Também vale a pena citar uma das que para mim será uma das mais significantes, que será a Marcha de las Putas, na Cidade do México, dia 12 de Junho. Será uma das mais significantes porque terá a participação de trabalhadoras do sexo, que irão marchar contra diversos tipos de violência, e por exemplo, pelo direito de ter controle sobre o próprio corpo e vontade. O fato de serem trabalhadoras do sexo em sociedades patriarcais machistas faz com que estejam geralmente muito mais expostas á violência que outras mulheres de outras profissões e classes sociais. 
http://forofeminista.blogspot.com/2011/05/la-marcha-de-las-putas-en-la-ciudad-de.html

Campanhas contra a homofobia pelo mundo:

http://www.youtube.com/watch?v=jzAQDd55PlI&feature=player_embedded

http://www.youtube.com/watch?v=fjlOeJa75S0&feature=player_embedded

http://www.youtube.com/watch?v=zeBf8ZSPC4c&feature=player_embedded


Bom, por hoje é só. Depois tem mais!

Colchas de Retalhos

Colchas de Retalhos foi como consegui chamar os lapsos de lembranças e esquecimentos com os quais tenho me ocupado nos últimos tempos, involuntariamente, horas e horas por semana. Hoje me diverti sozinha pensando em como a memória costura de maneira conveniente, engenhosa e verossímel essas lembranças e esquecimentos, e cria as mais absurdas lógicas entre coisas irreconciliáveis. Quis deixar hoje aqui algumas coisas que encontrei pela frente e que, juntas na minha cabeça, puseram a tal memória para trabalhar. Óbvio que para mim tudo isso faz o maiooooor sentido, porque cutucam fundo e raso vários pontos frágeis e fortes, difíceis ou nem tanto, do meu passado, presente, das minhas perspectivas mais íntimas pro futuro, alguns dragões e demonios interiores, mas também fadas e sereias. Este é um post bastante pessoal, de quem conta mas não quer ser entendido por todos que escutam, e nesse sentido até me alegro que este blog esteja apenas começando, e que, por isso, talvez ninguém o leia antes que a memorias se reembaralhe. Aí vamos: