quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Minha mãe*

Minha mãe tem cheiro de criança. 
Mesmo quando come alho, usa perfume, 
toma ou deixa de tomar banho,
minha mãe tem cheiro de criança.
Quando eu era criança 
eu tinha o cheiro da minha mãe,
e toda a roupa que eu usava,
e a comida que eu comia feita por ela,
e o sofá, e a casa,
e as nossas vidas 
- de minhas irmãs, de meu pai, 
dos gatos que a gente tinha -,
tudo tinha o cheiro da minha mãe.
Nunca vou saber se eu é que via em tudo o cheiro dela,
ou se minha mãe está perdendo o cheiro, 
e as coisas, e as pessoas.
Algo parece que se dissolve, 
e a denúncia da ausência 
do cheiro de minha mãe,
e as coisas indefinidas, 
e os ventos que antes traziam 
e agora levam
e a vida, 
esse truque de prescindir de permanências.
E a despeito desses imperativos, 
das impermanências certeiras e impiedosas
eu sigo buscando o cheiro da minha mãe
nos cantos das minhas imperfeições,
nas minhas frestas,
nos vazios que tenho
tão transbordados.


* Escrevi esse texto em 15 de outubro de 2009. Naquele dia como agora, lembrava dos olhos úmedos da minha mãe, que enxergam muito e perdoam demais.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

I Prague Pride statt I Slut Walk Berlin 2011

Pois é, acabei não indo na Slut Walk Berlin no dia 13 de Agosto, apesar de ter feito a maior propaganda e de ter agitado um montão de gente pra lá. Na verdade uma fatalidade me levou à primeira Parada Gay de Praga (Prague Pride 2011), que acontecia no mesmo dia... Sem suspense, a tal fatalidade foi uma viagem de férias que só podia ser feita entre os dias 12 e 17 de Agosto, e em determinadas condições muito específicas. Então você que me lê (se é que alguém me lê...hehehe) pode estar pensando „oh coitada, que fatalidade! Teve que fazer uma viagem de férias!“

Ok, então considere que você mora a quatro horas de Praga de carro por quase dois anos, nuuuuunnnca teve tempo e muito menos dinheiro – os dois ao mesmo tempo, então nem se fala – pra empreender uma viagem pequena e simples durante esses dois anos. De repente sua estadia na Europa, que deveria durar pelo menos mais um ano, se vê ameaçada, porque você é estudante, estrangeira, pobre e de família classe média baixa conservadora (para eles eu já estudei o suficiente para uma dona de casa, e se continuar estudando nunca vou encontrar um marido que me queira...), e por tudo isso você e seu namorado decidem chutar o barraco e gastar todo o dinheiro que vocês teriam para sobreviver agosto (que não é muito, mas é tudo o que nós tinhamos) com essa viagem.

Ah, claro, viajando com o dinheirodapinga mais o trocodopão, nos obrigamos a incluir algumas aventuras extras em nossa viagem, como por exemplo: fazer todos os trajetos de carona (porque o trem é uma beleza mas custa uma fortuna); economizar o $$ do hostel fazendo Couchsurfing (leia-se: ficando na casa de desconhecidos, em situações surpresa, e em nosso caso, demos muita sorte, mas tivemos que tomar banho gelado!); viajar „sem chances para a improvisação“ e para imprevistos, porque qualquer aspirina extra significaria DÍVIDA! Ainda não tô dizendo que tudo saiu chiboquinha na chupeta... só tô contando que, apesar das condições de aperto e da loucurinha que significava fazer essa viagem, era agora ou nunca! Mesmo porque a próxima pode ser a viagem de volta, com uma mão na frente e outra atrás, e as duas abanando...

Mas voltando ao assunto Slut Walk e Prague Pride!! Claro claro claro que não é a mesma coisa, e se pudesse teria estado nas duas! Mas ambas têm muitas coisas em comum, como por exemplo, tornar visível a luta pela liberdade dos oprimidos pela heteronormatividade, que como muitas feministas sabem e defendem hoje em dia, é patriarcalista, e se relaciona, por exemplo, com a produção do machismo, da misoginia e da homofobia. Me lembrei de um trecho que adoro, escrito pela Deis Siqueira no prefácio do livro A reinvenção do Corpo, da Berenice Bento, cuja menção agora é muito oportuna, já que fala sobre o encontro das teorias e demandas feministas com as de outras minorias sexuais. Nas minhas palavras (vou por a citação certinha aí embaixo)*, o trecho diz mais ou menos que, se a opressão das mulheres é um fato histórico incontestável, a opressão não somente sobre as mulheres – e no caso dos personagens de Berenice, @s Transexuais – é um fato sociológico incontestável. Não se pode, portanto, pensar o gênero sem pensar simultaneamente em sexo e opção sexual. Logo, muitas das questões que a Slut Walk quer visibilizar têm tudo a ver como uma série de demandas da comunidade GLBTTIQS. Exatamente ao aprofundá-las, nos deparamos com uma raíz comum a diversos problemas, que é a heteronormatividade fundamentadora da sociedade ocidental em que nós vivemos.


...E por esse motivo fiquei muito contente quando liguei a TV em Praga no sábado e, mesmo não entendendo uma gaivota de tcheco, consegui encontrar o local e a hora certos da parada, e ainda participar dela com meu respectivo (que foi todo feliz vestir-se com uma roupa colorida para combinar com as bandeirinhas da parada), um amigo nosso que foi junto, e a garota super simpática que eu conheci via Couchsurfing, e que nos hospedou em sua casa. Como todas as paradas que conheço (de Sampa e de Berlim), estava muito bonita, divertida e foi também muito importante. Imaginem-se que era a primeira parada de Praga, depois de anos que as paradas já vêm acontecendo em todo o mundo! Apesar de pequena e curta, foi super interessante, bem organizada, e claro, animadíssima, por conta dos DJs que se sucederam (eu só vi dois mas soube que teve outros) e das Dragqueens fantásticas, que são presença obrigatória e de honra nas paradas. Fiquei pouco tempo por lá, por conta de ter que otimizar tempo e dinheiro, e ter que ainda ir atrás de casas de cambio (aliás, se vc for para Praga, me pergunte sobre as casas de cambio, pra não fuder e perder tanto $$ como a gente!).

Antes de terminar esse post, não poderia deixar de mencionar que também houve uma contra-parada, organizada pela igreja, que tinha como objetivo conter a marcha gay e „conscientizar“ a juventude do „pecado da homossexualidade“. Como se sabe, as igrejas, tanto católicas quanto evangélicas, muçulmanas, judias, etc etc etc, não só têm um importante papel na construção e afirmação da heteronormatividade, por exemplo afirmando a idéia de família (patriarcal, formada a partir de um par heterossexual e hierarquizado no qual o indivíduo feminino se sujeita ao domínio e proteção masculinos) como unidade básica da sociedade, como também se sustentam sobre este mesmo princípio, responsável por domesticar as sexualidades, os indivíduos, as mentes, o prazer, e manter „cada macaco no seu galho“, como se macaco já nascesse com galho cativo. Infelizmente, em nome dessas e de outras idéias, que em muitos momentos são levadas ao extremo, até os dias de hoje muitas pessoas sofrem perseguições e são vítimas de discriminações de todo tipo, e de violência verbal, psicológica e física.


 A gang do Ratzinger, infelizmente formada em sua maioria por jovens na casa dos 20 anos, marchou de encontro à turma do arco-íris segurando cartazes, faixas e gritando frases (em tcheco, não me perguntem!). A idéia dos religiosos era realmente tentar conter a parada antes que ela chegasse ao seu destino, que era uma das pequenas ilhas do Rio Moldava, zona central e turística da cidade. Obviamente não conseguiram, porque eram a minoria, e ficaram na entrada da ponte que descia para a ilha rosnando e ranhetando. Sem querer banalizar uma manifestação feita por gente mais velha, e inclusive falando de maneira muito generalizada, eu acho que não teria me afetado tanto como me afetei com esta contra-parada, se a maioria dos participantes tivesse a idade dos meus avós, estourando a dos meus pais (que sorte que o sofá lá de casa é muito confortável para que meus pais atendam a seus ímpetos conservadores e saiam pelas ruas!). Senti tristeza e vergonha alheia em ver que a galera que empunhava a bandeira e que praticamente entoava os gritos da contra-parada eram jovens da minha idade.


* Nas palavras de Deis Siqueira: "Nós, feministas, partimos da opressão das mulheres. Fato histórico incontestável. Porém, a autora avança: a opressão se dá não apenas sobre as mulheres, mas há lugares infinitos de interlocuções/diálogos/possibilidades entre esses três lugares: fato sociológico incontestável. Não se pode pensar gênero sem se pensar, simultaneamente em sexo e opção sexual. E a reflexão também avança na possibilidade de interlocução entre as Ciências Humanas e as Ciências Médicas.". Retirado de Bento, Berenice. A Reinvenção do corpo: sexualidade e gênero na experiência transsexual. Rio de Janeiro: Garamond, 2006

Mais um caso de homofobia e agressão física em São Paulo

Para os que estão orgulhosos de serem hetero e estão lamentando não poder expressar pública e coletivamente sua miséria espiritual, esta notícia é mais um dos exemplos que mostra porque querer o dia do orgulho hetero é digno de pena. 

Independente de se o rapaz é homossexual ou não, a agressão foi motiva porque os agressores supuseram que ele era homossexual. E quem vem me dizer que não existe homofobia, e que homofobia não é crime?

Não nos esqueçamos, não deixemos a poeira baixar! 









29/08/2011 12h13 - Atualizado em 29/08/2011 13h11

"Foi completamente gratuito", diz arquiteto agredido na Paulista

Vítima levou pontos na cabeça e quebrou dedo após agressão em SP. Arquiteto contou que ele e amigo foram confundidos com homossexuais.

Juliana Cardilli
Do G1 SP
Arquiteto precisou levar sete pontos na cabeça após agressões (Foto: Juliana Cardilli/G1)Arquiteto precisou levar sete pontos na cabeça após agressões (Foto: Juliana Cardilli/G1)
O arquiteto Bruno Chiarioni Thomé, de 33 anos, classificou na manhã desta segunda-feira (29) como “completamente gratuita” a agressão sofrida por ele e um amigo nas proximidades da Estação Consolação do Metrô de São Paulo, na Avenida Paulista, na madrugada de sábado (27). Thomé foi até a Central de Flagrantes da 1ª Delegacia Seccional, na região do Brás, Centro da cidade, onde o caso foi registrado, para oferecer representação para que os suspeitos respondam criminalmente.
Nesta tarde, ele deve ir ao Instituto Médico-Legal (IML)– o arquiteto quebrou um dedo, levou sete pontos na cabeça e está com cortes e hematomas espalhados pelo corpo. A investigação será encaminhada para o 4º Distrito Policial, na Consolação, ou para a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi). Em seu depoimento, Thomé relatou que os agressores fizeram ofensas homofóbicas contra ele e o amigo, que haviam acabado de sair de uma casa noturna na Rua Augusta. Mesmo sem darem motivo, os dois foram confundidos com homossexuais.
“A gente deduz que era homofobia pelos xingamentos. Não havia nenhum outro motivo. Não tinha nenhuma associação com time de futebol, eles não faziam parte de nenhum grupo intolerante, nada que eles assumissem pelo menos”, afirmou o arquiteto. “A gente não tinha se encontrado antes da balada, não tinha mulher envolvida no meio. Foi do nada, completamente gratuito.”
Bruno também quebrou o dedo ao ser agredido (Foto: Juliana Cardilli/G1)
Bruno também quebrou o dedo ao ser agredido
(Foto: Juliana Cardilli/G1)
A confusão começou nas proximidades da esquina da Rua Augusta com a Avenida Paulista, quando dois objetos foram jogados contra os dois amigos – um copo e uma pedra. A pedra acertou a cabeça do arquiteto. “Eu olhei, procurei nos lados, tinha um grupo de pessoas e eu fui na direção delas. Eu cheguei perguntando ‘o que aconteceu?’. Eles começaram a me xingar: ‘Sai daqui, viadinho’. Eu falei ‘qual o motivo, por que isso?’, aí um deles abaixou para pegar a luminária, que estava no pé dele”, contou.
Thomé e o amigo foram agredidos. Ao tentar se defender da luminária, o arquiteto acabou quebrando o dedo indicador da mão direita. No meio da confusão, eles acabaram entrando na estação de Metrô e o arquiteto conseguiu reagir e tomar a luminária das mãos dos agressores. Quando os seguranças do Metrô chegaram, os suspeitos, pelo menos três duplas, fugiram. Thomé estava com a luminária na mão.
O arquiteto afirmou que ele e o amigo não estavam próximos e não tomaram nenhuma atitude que levasse os agressores a imaginar que os dois fossem gays. “É triste, é gratuito, é de uma pobreza cultural, pobreza intelectual muito grande”, afirmou. “Fiquei nervoso, mas na hora mesmo não senti medo, senti raiva. A sorte é que era uma molecada inexperiente. Não era um pessoal escolado em briga. Se fosse skinhead a gente teria se dado realmente mal.”
Thomé também contou que costuma frequentar sempre casas noturnas na região, e que nunca havia presenciado atos de violência e intolerância. “Espero que apurem os fatos, que as pessoas passem a enxergar isso como errado, não pode virar moda, escolher alguém para bater”, afirmou. Ele também disse que espera que a polícia peça imagens da estação de Metrô que possam ajudar a identificar os suspeitos.
No boletim de ocorrência registrado no sábado, não há menção a homofobia – apenas o amigo de Thomé e um rapaz de 19 anos que também se envolveu na confusão foram até a delegacia, e o amigo não havia ouvido os insultos. Após o depoimento do arquiteto nesta segunda, o caso ficou registrado como lesão corporal dolosa e injúria qualificada por racismo.
O rapaz de 19 anos foi ouvido pela polícia e disse que passava pelo local quando ocorreu a briga. Ele afirmou também ter sido agredido pelo arquiteto. Ele só deverá ser ouvido novamente após ser definida a delegacia que vai investigar o caso.
Extraído de http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2011/08/foi-completamente-gratuito-diz-arquiteto-agredido-na-paulista.html  em 02 de Setembro de 2011.






quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Morre Eni de Mesquita Samara em 29 de Agosto de 2011

Vi hoje a publicação no site da Revista de História, sobre a morte, na madrugada de 29 de Agosto de 2011, de Eni de Mesquita Samara, historiadora feminista e professora da Universidade de São Paulo. Sem dúvida uma grande perda. Abaixo seguem o link e a notícia sobre sua morte, no site da Revista. Meus sinceros sentimentos à família, aos companheiros de trabalho e às feministas que compartilham essa perda.



Morre historiadora Eni de Mesquita Samara

Professora da USP foi a entrevistada da Revista de História da edição de janeiro deste ano; releia


29/8/2011

Professora Eni, na ocasião da entrevista que concedeu à Revista de História
Professora Eni, na ocasião da entrevista que concedeu à Revista de História

Faleceu nesta madrugada a historiadora Eni de Mesquita Samara, professora de História do Brasil Colonial da USP, diretora do Centro de Estudos de Demografia Histórica da América Latina (Cedhal), e ex-presidente da Associação Nacional de História (Anpuh) e do Museu Paulista da USP.  Pesquisadora da História das Mulheres e da Família, Eni tinha vários títulos sobre o tema, tais como "A família brasileira" (1983); "As mulheres, o poder e a família" (1989); "As idéias e os números do gênero" (1997), "Família e vida doméstica no Brasil" (1999); "Família, mulheres e povoamento" (2003).
A Anpuh divulgou nota, assinada por Benito Bisso Schmidt, presidente da associação, afirmando "profundo pesar" e reconhecendo "sua importante trajetória intelectual e associativa". A USP suspendeu as aulas desta segunda-feira (29). Tania Bessone, da Uerj, afirmou que vai lembrar "sempre da alegria, dinamismo e seriedade que usufrui no seu convívio".
Em sua entrevista para a Revista de História da Biblioteca Nacional, publicada em janeiro deste ano, falou sobre os inventários do brigadeiro Manoel Rodrigues Jordão e de sua esposa, Gertrudes Galvão de Oliveira Lacerda, que havia encontrado, então, recentemente. Os dois foram os protagonistas de sua tese de doutorado “A família na sociedade paulista do século XIX”, publicada ainda na década de 1970.
Leia novamente sua entrevista para a Revista de História, em que ela aborda temas como os formatos das famílias do século XIX além do sistema patriarcal; como o casamento era raro no período, as diferenças entre as colonizações espanhola e portuguesa na América, e o feminismo: “Ser feminista é fazer a história das mulheres comprometida com as questões voltadas para as suas políticas. Então, acho que uma professora, que está na universidade, que trabalha com um tema como o da história das mulheres e das famílias, não pode deixar de ser feminista. Ela tem que estar, na verdade, compromissada com as políticas voltadas para as mulheres, com as questões relativas às mulheres. Isso é ser feminista.”
O velório será na Funeral Home, das 17h às 22h desta segunda, localizada à rua São Carlos do Pinhal 376, Bela Vista, São Paulo - SP. A cremação do corpo na terça-feira (30), no Cemitério e Crematório Horto da Paz, à Rua Horto da Paz 191, Potuverá, Itapecerica da Serra - SP, em horário a ser definido pela família.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Riopretenses saindo do armário!!!

Que surpresa encontrar a notícia sobre as manifestações da população riopretense na Câmara Municipal bombando em vários blogs. Esqueci até a idéia de post que eu tinha pra escrever e resolvi postar as matérias que eu encontrei. Já faz mais de 7 anos que já não moro lá, mas nasci, passei minha infância toda e amarguei minha adolescência nesta cidade. Devido à vida nômade que eu levo desde então, nunca mudei meu domicílio eleitoral, e apesar da distância e de passar até anos sem pisar por lá, continuo por dentro da situação política, não por esforço pessoal, admito, mas porque nesse quesito a cidade muito pouco mudou: não só os políticos continuam os mesmos, como também os problemas e as promessas de campanha, que passam de geração pra geração de riopretenses, como uma herança maldita.

Rio Preto é e não é uma típica cidade de interior. Se por um lado tem tudo que uma metrópole tem, incluindo altos índices de criminalidade e problemas sérios de segurança, meio ambiente, educação, moradia, monopólio dos transportes públicos etc, por outro também tem ruinhas de terra, sorveteria barata de bairro, a população vive em sua maioria em casas térreas, e ainda até coloca as cadeiras de preguiça nas calçadas em noites escaldantes de verão. Nessa mistura esquizofrênica de metrópole com paisagens de interior, a população cultiva hábitos da modernidade, como por exemplo, pagar uma fortuna por um shop aguado e quente no Happy hour, construir shopping center por todo lado, ou não ter mais tempo para as coisas que valem a pena na vida. Também preserva, para manter a contradição, hábitos colonialescos, como por exemplo esperar dos políticos que sejam populistas e que distribuam presentes e favores nas eleições, colocar a culpa de tudo nas costas alheias mas não levantar a bunda da cadeira pra trocar uma lâmpada se a lâmpada for de uso coletivo, e se achar o máximo em relação a quem mora em outras cidades da região, ao mesmo tempo que sonha em se mudar para a capital. Nem preciso dizer que seguindo essa linha, todos os políticos da cidade ocupam, ocuparam e seguirão ocupando seus cargos quase que de maneira vitalícia; todos os projetos de moradia têm nome de prefeitos ou parentes de prefeitos, porque foram manobras eleitoreiras absurdas, ao mesmo tempo que jogaram as populações vulneráveis e indesejadas bem longe do centro e em áreas sem acesso a ele; o tal rio Preto transborda e mata gente todo ano, e a culpa é das chuvas, embora as obras de recuperação do rio e de tratamento de esgoto consumam valores absurdos e duram décadas, etc etc etc etc.....

Por tudo isso me surpreendi muito, e bem, quando vi as noticias de que principalmente os jovens estão se mobilizando contra a corrupção em São José do Rio Preto. Infelizmente os membros da minha família que ainda moram lá nem souberam de nada...

Mas aí vão as notícias. Avante Rio Preto, que um dia tem jeito!!!

Só 3 vereadores dizem não à maldade
Vinícius Marques
Jornal BOM DIA
17/08/2011
Com cerca de mil pessoas do lado de fora e galeria cheia de apadrinhados, os vereadores aprovam criação de 230 cargos a um custo anual de R$ 14 milhões
Com votos de 13 vereadores e apoio do presidente da Casa, Oscarzinho Pimentel (PPS), a Câmara aprovou nesta terça-feira (16) projeto do prefeito Valdomiro Lopes (PSB) que cria 230 cargos em comissão no governo. Só três vereadores votaram contra a proposta.
O projeto ainda permite ao prefeito nomear 266 concursados para cargos de confiança. No total, o custo anual será de R$ 14 milhões. Vereadores aliados ao prefeito passaram trator na oposição e ignoraram cerca de mil populares que diziam “não” ao projeto do lado de fora da Casa. O projeto dos apadrinhados é o primeiro do “pacotão” da maldade a ser aprovado pela Câmara. Só Dinho Alahmar (PSB), Marco Rillo (PT) e Pedro Roberto Gomes (PSOL) rejeitaram o projeto nesta terça-feira (16).
A sessão foi tensa, como na semana passada, em que a legalidade do projeto ganhou aval da Câmara, mas desta vez as galerias estavam lotadas de ex-apadrinhados interessados na aprovação da proposta. Valdomiro demitiu 274 comissionados há mais de dois meses por decisão da Justiça. Havia apenas cerca de 30 estudantes dentro do prédio da Câmara no início da sessão.
Eles reclamaram de venda de senhas e que foram ameaçados de manhã, quando as senhas começaram a ser distribuídas. A PM colocou 85 policiais na Casa para evitar protestos.
Vereadores governistas estacionaram carros na garagem do prédio da prefeitura e driblaram os estudantes na entrada.
Diferentemente da última sessão, Oscarzinho não pediu a saída de ninguém do plenário e repetidas vezes questionou os estudantes contra o projeto.
O grupo de ex-apadrinhados levou faixas e cartazes contra Marco Rillo (PT), acusado de arregimentar estudantes para a sessão. Antes de o projeto ser votado, Rillo e Oscarzinho bateram boca. O petista alertou sobre parecer do Cepam que havia apontado 37 falhas técnicas da proposta. Rillo pediu que a votação fosse adiada, mas a maioria dos vereadores rejeitou a solicitação. Na tribuna, o petista chamou Valdomiro de mentiroso por causa das despesas provocadas pelo projeto de apadrinhados. Oscarzinho era chamado de “ditador” pelos manifestantes contra a proposta. Apadrinhados batiam palmas.
Antes da votação, os populares defensores do “não” deram às costas ao plenário e se retiraram. Já alguns apadrinhados estavam irritados com discursos de vereadores, mesmo governistas. Cerca de três horas depois do início da sessão, a base governista aprovou o projeto e deu carta branca ao prefeito para nomear seus assessores. Após votação, ex-apadrinhados foram xingados e saíram calados até nova confusão mais tarde. Leia mais nas páginas 4, 5, 6 e 7
Prefeitura vai nomear por decreto novos apadrinhados
A nova lei que permite Valdomiro Lopes (PSB) nomear 230 apadrinhados vai ser sancionada até o final desta semana. Depois, Valdomiro vai nomear os comissionados por meio de decreto, de acordo com o procurador-geral, Luiz Tavolaro.
“Cada função será definida por decreto pelo prefeito”, disse o procurador depois da sessão.
A prefeitura sustenta que mesmo com despesa anual de R$ 14 milhões, a nova lei terá custo inferior ao quadro de apadrinhados contratados até junho deste ano. A despesa mensal era de R$ 1,4 milhão e passará para R$ 1,13 milhão, segundo a secretária da Fazenda, Mary Brito. Os cargos em comissão terão salários de R$ 2,5 mil a R$ 6,2 mil.
O BOM DIA solicitou entrevista nesta terça-feira (16), depois da aprovação da lei, com o prefeito, mas ele não poderia ser localizado, segundo o secretário de Comunicação, Deodoro Moreira.
A nova lei vai ser questionada novamente no Ministério Público. O advogado Airton Sarchis, que apontou ilegalidade de leis anteriores que permitiam os cargos afirmou que irá apresentar representação contra a a nova lei na segunda-feira.
“Assim que for sancionada a lei, eu entro com representação na Procuradoria Geral de Justiça”, afirmou. “Esse projeto também é ilegal e permite a Valdomiro nomear sem critério”, afirmou o advogado.
Em função da aprovação de leis anteriores, em 2006 e 2009, Valdomiro e o ex-prefeito Edinho Araújo (PMDB) são alvo de inquérito. Na decisão do Tribunal de Justiça que classificou de inconstitucionais três leis que permitiam a contratação de até 296 pessoas, a sentença apontou que alterações na lei eram “tentativas de fraude”.
anuncie!

Rio-pretenses usam as rede sociais para protestar contra o pacotão da maldade

Só a manifestação #VergonhaRioPreto teve mais de 1.400 comentários no Twitter


Ana Lígia Paschoaletti
Agência BOM DIA
16/08/2011 16:31

Rio-pretenses estão usando as redes sociais, como Twitter e Facebook, para protestar contra o pacotão da maldade que alguns vereadores da cidade e o prefeito querem aprovar durante votação na sessão da Câmara desta terça-feira (16).

O pacotão inclui a criação de 230 cargos em comissão, sem necessidade de concurso público, aumento no número de vereadores e reajuste salarial para parlamentares, prefeito e funcionários, ao custo anual de mais de R$ 16 milhões.
No Twitter, a manifestação contra o pacotão mais expressiva entre os usuários do site é a #VergonhaRioPreto, com mais de 1.400 posts, também chamados de comentários, com este termo. O tópico é o mais citado no Twitter na cidade, seguido por 'Vereador Oscarzinho Pimentel' e 'Vereadores'.
O #VergonhaRioPreto foi criado no dia 11 de agosto de 2011 e desde então o número de seguidores cresce a cada dia. Junto com essa manifestação os seguidores estão compartilhando um link de uma reportagem do BOM DIA publicada nesta terça-feira (16). Clique aqui e confira. 
A apresentadora de programa na televisão Rosana Hernann (@rosana), que tem mais de 230 mil seguidores no Twitter, antes de sair de Rio Preto, onde fez uma palestra na faculdade Unilago, comentou sobre a mobilização. "As redes sociais finalmente concretizaram a expressão o povo unido jamais será vencido", postou.
Já no Facebook foram criados pelo menos quatro manifestações contra o pacotão seguidas por centenas de pessoas. São elas: os eventos 'Parar Rio Preto' e 'Protesto Não', e os grupos 'Os sem rabo preso' e 'Olhos da cidade - Atentos'. Juntos os protestos reúniram cerca de 600 seguidores até a tarde desta terça-feira (16).
 

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Nós não merecemos nada

Depois de tanto tempo sem blogar e sem sequer dar aquela espiadinha nos blogs favoritos, só lendo jornal, placa de trânsito e bula de remédio, vim correr atrás do prejuízo e postar coisas interessantes que encontrei nos bloggs alheios, porque além dessas tristes pobres linhas, não tenho nada novo pra dizer ("hay días que no sé lo que me pasa", eu abro os olhos na frente do espelho e enxergo o avesso da minha própria nuca...). 
Esta pérola que quero ajudar a dispersar pela rede daqui do meu modesto bloguinho eu também encontrei no blog da Maria Frô (esta mulher que ainda vou poder chamar de companheira!). Lá ela postou o texto com o seguinte comentário: "Dica da Elianne Abreu, leitura fortemente indicada aos pais, especialmente os de classe média." Concordo com ela mas, olhando para alguns momentos da minha não tão longa vida, tenho também que admitir que algumas vezes esta carapuça me serviu. Gostaria por isso de agregar ao prólogo da Maria Frô: "leitura fortemente indicada aos filhos, especialmente os de classe média". 
Aí vai...

Meu filho, você não merece nada
Por: Eliane Brum, Época
11/07/2011
A crença de que a felicidade é um direito tem tornado despreparada a geração mais preparada
Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, da mais despreparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor.
Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo reconhecesse a sua genialidade.
Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.
Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles uma nova não lá muito animadora: viver é para os insistentes.
Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje. Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem reciprocidade.
É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores. Para estes, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal. Mas é possível uma vida sem frustrações? Não é importante que os filhos compreendam como parte do processo educativo duas premissas básicas do viver, a frustração e o esforço? Ou a falta e a busca, duas faces de um mesmo movimento? Existe alguém que viva sem se confrontar dia após dia com os limites tanto de sua condição humana como de suas capacidades individuais?
Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam assegurar seu lugar no país.
Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.
Basta andar por esse mundo para testemunhar o rosto de espanto e de mágoa de jovens ao descobrir que a vida não é como os pais tinham lhes prometido. Expressão que logo muda para o emburramento. E o pior é que sofrem terrivelmente. Porque possuem muitas habilidades e ferramentas, mas não têm o menor preparo para lidar com a dor e as decepções. Nem imaginam que viver é também ter de aceitar limitações – e que ninguém, por mais brilhante que seja, consegue tudo o que quer.
A questão, como poderia formular o filósofo Garrincha, é: “Estes pais e estes filhos combinaram com a vida que seria fácil”? É no passar dos dias que a conta não fecha e o projeto construído sobre fumaça desaparece deixando nenhum chão. Ninguém descobre que viver é complicado quando cresce ou deveria crescer – este momento é apenas quando a condição humana, frágil e falha, começa a se explicitar no confronto com os muros da realidade. Desde sempre sofremos. E mais vamos sofrer se não temos espaço nem mesmo para falar da tristeza e da confusão.
Me parece que é isso que tem acontecido em muitas famílias por aí: se a felicidade é um imperativo, o item principal do pacote completo que os pais supostamente teriam de garantir aos filhos para serem considerados bem sucedidos, como falar de dor, de medo e da sensação de se sentir desencaixado? Não há espaço para nada que seja da vida, que pertença aos espasmos de crescer duvidando de seu lugar no mundo, porque isso seria um reconhecimento da falência do projeto familiar construído sobre a ilusão da felicidade e da completude.
Quando o que não pode ser dito vira sintoma – já que ninguém está disposto a escutar, porque escutar significaria rever escolhas e reconhecer equívocos – o mais fácil é calar. E não por acaso se cala com medicamentos e cada vez mais cedo o desconforto de crianças que não se comportam segundo o manual. Assim, a família pode tocar o cotidiano sem que ninguém precise olhar de verdade para ninguém dentro de casa.
Se os filhos têm o direito de ser felizes simplesmente porque existem – e aos pais caberia garantir esse direito – que tipo de relação pais e filhos podem ter? Como seria possível estabelecer um vínculo genuíno se o sofrimento, o medo e as dúvidas estão previamente fora dele? Se a relação está construída sobre uma ilusão, só é possível fingir.
Aos filhos cabe fingir felicidade – e, como não conseguem, passam a exigir cada vez mais de tudo, especialmente coisas materiais, já que estas são as mais fáceis de alcançar – e aos pais cabe fingir ter a possibilidade de garantir a felicidade, o que sabem intimamente que é uma mentira porque a sentem na própria pele dia após dia. É pelos objetos de consumo que a novela familiar tem se desenrolado, onde os pais fazem de conta que dão o que ninguém pode dar, e os filhos simulam receber o que só eles podem buscar. E por isso logo é preciso criar uma nova demanda para manter o jogo funcionando.
O resultado disso é pais e filhos angustiados, que vão conviver uma vida inteira, mas se desconhecem. E, portanto, estão perdendo uma grande chance. Todos sofrem muito nesse teatro de desencontros anunciados. E mais sofrem porque precisam fingir que existe uma vida em que se pode tudo. E acreditar que se pode tudo é o atalho mais rápido para alcançar não a frustração que move, mas aquela que paralisa.
Quando converso com esses jovens no parapeito da vida adulta, com suas imensas possibilidades e riscos tão grandiosos quanto, percebo que precisam muito de realidade. Com tudo o que a realidade é. Sim, assumir a narrativa da própria vida é para quem tem coragem. Não é complicado porque você vai ter competidores com habilidades iguais ou superiores a sua, mas porque se tornar aquilo que se é, buscar a própria voz, é escolher um percurso pontilhado de desvios e sem nenhuma certeza de chegada. É viver com dúvidas e ter de responder pelas próprias escolhas. Mas é nesse movimento que a gente vira gente grande.
Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando: “Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”. Assim como sentar para jantar e falar da vida como ela é: “Olha, meu dia foi difícil” ou “Estou com dúvidas, estou com medo, estou confuso” ou “Não sei o que fazer, mas estou tentando descobrir”. Porque fingir que está tudo bem e que tudo pode significa dizer ao seu filho que você não confia nele nem o respeita, já que o trata como um imbecil, incapaz de compreender a matéria da existência. É tão ruim quanto ligar a TV em volume alto o suficiente para que nada que ameace o frágil equilíbrio doméstico possa ser dito.
Agora, se os pais mentiram que a felicidade é um direito e seu filho merece tudo simplesmente por existir, paciência. De nada vai adiantar choramingar ou emburrar ao descobrir que vai ter de conquistar seu espaço no mundo sem nenhuma garantia. O melhor a fazer é ter a coragem de escolher. Seja a escolha de lutar pelo seu desejo – ou para descobri-lo –, seja a de abrir mão dele. E não culpar ninguém porque eventualmente não deu certo, porque com certeza vai dar errado muitas vezes. Ou transferir para o outro a responsabilidade pela sua desistência.
Crescer é compreender que o fato de a vida ser falta não a torna menor. Sim, a vida é insuficiente. Mas é o que temos. E é melhor não perder tempo se sentindo injustiçado porque um dia ela acaba.
   Divulgação
ELIANE BRUM
Jornalista, escritora e documentarista. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de reportagem. É autora de Coluna Prestes – O Avesso da Lenda (Artes e Ofícios), A Vida Que Ninguém Vê(Arquipélago Editorial, Prêmio Jabuti 2007) e O Olho da Rua (Globo). E-mail: elianebrum@uol.com.br Twitter: @brumelianebrum